BA 177 | Varejo de pesados se mantém em alta no primeiro semestre de 2021

A expectativa para esse segundo semestre é ainda melhor e com menos falta de mercadorias

Para o varejo de pesados, o primeiro semestre foi bom, fatores que pesaram foram o aumento de preços e a falta de peças que continua sendo um problema para o todo o setor automotivo, para alguns, melhorando gradualmente. O transporte de cargas não parou no País e as perspectivas são ainda melhores neste segundo semestre para os varejistas.

Na Agro Diesel, em Frutal (MG), Paulo Castanheira Miranda conta que no primeiro semestre deste ano o resultado foi ótimo, com um crescimento de 16,61% quando comparado ao mesmo período do ano passado. “Começamos o ano com muitas incertezas, principalmente na questão de falta de peças. Mas vimos o aquecimento do mercado de autopeças na linha pesada e isso aumentou nossas expectativas”.

Um dos principais fatores desse crescimento é que várias empresas vêm investindo na cidade e na região. “Durante a pandemia, vieram várias empresas para Frutal, como duas grandes redes de supermercados, cervejaria, fábrica de açúcar, fábricas de latinhas, além do aumento de moagem de cana nas usinas da região. Tudo isso contribuiu para o aumento das vendas de autopeças de linha pesada”.

Também o transporte de carga não parou no País. “Com o aumento da safra agrícola no Brasil, o transporte rodoviário é um dos principais meios de logística e isso fermenta diretamente nosso ramo de atividade. Desde o início da pandemia não paramos nossas atividades, pelo contrário, fizemos investimentos e contratamos mais colaboradores”, conta Miranda.

Uma das preocupações, como para a maioria dos empresários do setor, foi a falta de peças. “Em novembro, já faltavam peças que classificamos como curva A. Começamos a armazenar mais peças, ou seja, comprar um volume maior para não faltar em nosso estoque. Quando não estávamos achando as peças, começamos a fazer compras em sites, um hábito que não praticávamos muito, e que aumentou muito no nosso cotidiano”.

Segundo ele, como o mercado está aquecido, há pouca produção, o dólar está subindo, a matéria-prima está faltando, o que dificulta a manutenção dos preços. “Alguns preços mais que dobraram, sendo o aço um dos destaques, além de estar faltando no mercado. É importante também buscar parcerias saudáveis para driblar as dificuldades, hoje contamos com a Rede Pitstop, que acompanha cada passo do mercado e nos ajuda a evoluir no nosso negócio”.

Miranda informa que a situação está melhorando, mas ainda não é a ideal. “Estamos com uma grande expectativa que logo isso vai normalizar. Mesmo nesse momento de pandemia, a economia do País não pode parar. Precisamos aprender a viver esse “novo normal” e ser criativos e visar o mundo póspandemia”. Nesse ano, a Agro Diesel completará cinquenta anos.

“As nossas perspectivas são as melhores. Esperamos que o segundo semestre seja ainda melhor. A evolução do processo de vacinação da população enche de esperança a todos e certamente levará à retomada do crescimento da economia”, finaliza.

Reflexo do aumento de preço

Na Perim Autopeças, que tem lojas no interior do Estado de São Paulo, na capital e Baixada Santista, o diretor Comercial, Jesse Perim, conta que os resultados do primeiro semestre são um reflexo do aumento de preço. “Comparando pelos valores vendidos no primeiro semestre de 2020, houve um aumento muito expressivo por conta dos inúmeros aumentos, porém, diverge da realidade em produtos vendidos, que realmente teve crescimento, mas de forma menos acentuada. Após o início da pandemia, os preços dispararam”.

Ele comenta que o primeiro semestre do ano passado foi muito afetado pela pandemia. “Com certeza, isso foi o principal fator para atribuição desse resultado”. E que mesmo com as incertezas que a pandemia trouxe, o mercado manteve-se firme e está aquecido. Por outro lado, há a questão da falta de peças.

“Com a falta de produto no mercado, o nosso departamento de compras teve o trabalho dobrado e fizeram contato com novos fornecedores, porém, a dificuldade de falta de insumos é geral. E mesmo com a alta do dólar e do euro a única saída foi buscar o material fora. A situação tem melhorado de forma muito tímida, os insumos estão começando a aparecer, mas os preços não param de subir”, afirma. Para o segundo semestre, diz Perim, “a expectativa é de otimismo moderado, sabemos que não teremos grandes mudanças nesse cenário infelizmente o semestre já está comprometido”.

Retorno da confiança

No interior de São Paulo, mais precisamente em Jaú, Paulo Francisquini (foto), da Futuro Peças Diesel, informa que o semestre deste ano foi mais positivo do que o do ano passado, por saberem como lidar com a situação sanitária. “O ano passado foi um baque com tudo o que aconteceu e as restrições que foram impostas, mesmo que na parte de caminhões nada parou, quem trabalhava com vans e ônibus sofreu muito, e nós ficamos com medo sem saber ao certo o que iria acontecer. As vendas caíram bastante no mês de abril, mas, logo em maio as coisas começaram a voltar ao normal”.

Pela vacinação em massa, Francisquini diz que a confiança vai voltar “e a luz no final do túnel começou a brilhar mais forte”, ressalta. E que também o mercado está aquecendo aos poucos. “Esperamos por este aquecimento geral há anos no Brasil, quando parece que vai decolar, acontece alguma coisa. Mas, sempre olhamos para o lado positivo em tudo o que acontece, sempre aprendemos alguma coisa com as dificuldades e esperamos que este aquecimento continue sem novas surpresas”.

Para se precaverem contra a falta de mercadorias, ações foram adotadas com antecedência. “Eu e meu irmão deixamos nosso estoque bem abastecido com o medo de falta de mercadorias, mas, sempre cautelosos por causa do aumento de preços. Temos que estar atentos na atualização geral, pois, todo dia tem uma variação e não é pouca, se não ficarmos atentos acabamos vendendo a mercadoria pelo preço que iremos repor, então o trabalho está sendo diário”.

Ele diz que devagar parece que a situação está normalizando. “Aos poucos parece que sim, mas, ainda acho que este ano vamos ter que conviver com essa variação tanto de preços quanto a falta de mercadoria”. E para este segundo semestre, “a nossa perspectiva é que continue o otimismo de todos, que esse vírus seja controlado e voltemos a ter uma vida próspera em todos os sentidos, financeiro e mental”, conclui.

Por dias melhores

Em Fortaleza (CE), o empresário Rogério Nobre Façanha (foto), da Truckão Autopeças, espera colher os frutos que plantou e com todo o aprendizado que a pandemia impôs. “Foi um aprendizado muito grande, pois tivemos muito aumento de preços de peças, as fábricas não tinham estoque e para o cliente absorver isso não foi fácil. E também funcionários que tiveram que ser afastados, tivemos nos reinventar com o nosso pessoal”.

Façanha também conta que o mercado de pesados se mantém aquecido, porém, o de ônibus deu uma balançada. “O setor de transporte não parou, mas as empresas de ônibus tiveram perda de passageiros, pela concorrência com motoristas de aplicativos, além do home office e das pessoas com receio de sair de casa”. E que a falta de peças persiste. “Tem fábrica que eu mando o pedido hoje para receber em janeiro”.

Na Truckão, além de um período de aprendizado, ele disse que também foi o momento de colocar a casa em ordem. “Espero que este segundo semestre melhore, já começa a diminuir a contaminação pelo vírus, estamos tomando todos os cuidados e aguardamos colher o que plantamos com todo o aprendizado. E reinventando o nosso negócio, esperamos ver os resultados, mas não está fácil”. E otimista, diz ele, “e que possa superar mais uma vez, somos duros na queda, vamos para cima desse mercado, fazer o que a gente sabe, que é trabalhar com lealdade, honestidade, com disciplina, treinar e formar pessoas, e trabalhar de forma com que tenhamos resultados”.

Normalização

Em Goiânia (GO), Luís Felipe Homem Pereira, da JB Veículos Comércio de Peças, diz que o cenário está melhor. “Primeiro semestre foi muito bacana para nós, pois em momento algum o movimento na malha rodoviária parou no País e, portanto, também não parou na linha pesada. Ao contrário, por causa da pandemia, os caminhões circularam mais pela demanda de compra e venda de mercadorias”.

Assim como os outros empresários, falta de mercadoria também foi uma realidade na JB Veículos Comércio de Peças. “A falta de matéria-prima, como do aço, ferro e do inox, fez com que houvesse aumento de preço na linha pesada, os preços praticamente dobraram. E com mais caminhões circulando nas ruas, consequentemente, aumentaram o desgaste de peças e a demanda por mais manutenção”.

Uma situação que Pereira diz que já está normalizando. “A indústria não conseguia entregar os pedidos. A situação está normalizando e vai melhorar, pois as indústrias estão conseguindo entregar mais pedidos”, comenta, acrescentando que para este segundo semestre o cenário deve ser ainda melhor. “Com a normalização da entrega dos pedidos por parte das fábricas, os preços se ajustam e não mais aquela loucura que estava, vai ser melhor que o primeiro semestre, pois não terá tanta falta de peças, empresas fechadas por causa da pandemia e haverá mais flexibilidade”, conclui.

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