BA 177 | #LiveDoBalcao discute as lições da pandemia para os elos da cadeia

No mesmo barco, distribuidor, varejista e reparador apontam o que poderia melhorar

No dia 24 de junho, três elos da cadeia – distribuidor, varejista e reparador – participaram de uma live conduzida pelo editor-chefe do Balcão Automotivo, Silvio Rocha. Com o título “Distribuição, varejo e reparação avaliam o primeiro semestre do ano de 2021”, os convidados foram Gilmar Catirica, gerente de Vendas Nacional da Cobra Rolamentos e Autopeças; Fabiano Massariol, diretor da Auto Imports, e Alexandre Dias, do Grupo Guia Norte Auto Center.

A começar pelas mudanças impostas pela pandemia, Catirica disse que na Cobra Rolamentos e Autopeças, que tem matriz em São Paulo (SP), 27 filiais e 34 anos de existência, não foi criado um comitê de crise, mas sim, um comitê de superação. “Nós acreditamos que temos que superar cada momento e essa superação passa pelo trabalho de todos nós da empresa, com o apoio dos fornecedores e dos clientes, e com o respeito da sociedade”.

Para Catirica, o setor automotivo é privilegiado, por não ter sofrido tanto impacto com a pandemia, tanto que eles contrataram funcionários, novos gerentes e duas filiais foram abertas. “A intenção é sempre conseguir passo a passo, momento a momento, muita integração com nossos funcionários e clientes, procurando equilibrar os resultados da venda com os do caixa”, diz.

Alexandre Dias, do Grupo Guia Norte Auto Center, localizado em São Paulo (SP), compartilhou uma visão similar. “Eu costumo sempre falar para a minha equipe que temos que agradecer muito, pois aqui em São Paulo nós não paramos um dia sequer. Eu tive parceiros, como a Motul, Bosch e a PPG, que investiram com a gente, subsidiando máquinas e material de divulgação, isso é força-tarefa, é assim que vamos sair dessa juntos”. O Grupo atua em São Paulo (SP), desde 1995, tem uma loja Bosch Car Service e mais três filiais.

Ele contou que desde a pandemia o faturamento ainda não foi recuperado. “Até março de 2020 estava muito bom, a partir de abril, eu nunca mais tive os mesmos números, com quedas oscilando entre 40% e 50%. Neste ano, a queda foi menor, mas já completamos mais de um ano com um faturamento que não foi o mesmo de março de 2020. Acho que o fato de as pessoas estarem em home office para nós afeta muito, pois os carros rodam menos”.

Em Vitória (ES), Fabiano Massariol, diretor da Auto Imports, que soma quatro filiais e mais uma que será inaugurada em julho, falou sobre o período que passaram com o lockdown. “Foi desesperador, abrimos só com o balcão na porta sem o cliente entrar na loja, a maioria dos funcionários estava em home office, e nós tivemos lojas que ficaram mais de um mês fechadas, com faturamento zero.

Tomamos à frente do negócio, colocamos uma equipe pequena na matriz, de 10 pessoas, antes eram 50, depois foi aumentando e nunca deixamos de atender os nossos clientes”.

Falta de peças

Tema recorrente nas lives do Balcão Automotivo, a falta de peças ainda persiste, porém, em escala menor. “Tivemos um final de 2020 conturbado, neste ano continua faltando produtos, mas está menos pior. Ainda não está bom, tem fornecedor que chega a faltar com 40% a 50% do que pedimos, principalmente, os que dependem de insumos e produtos importados”, informa Fabiano Massariol.

Gilmar Catirica também comentou que o cenário ainda não é de normalização. “Nós temos algumas marcas que nos possibilitam ter produtos de outras empresas e o que procuramos é abastecer as filiais o mais rápido possível para não faltarem mercadorias para o cliente, principalmente de curva A, que é o que se consome mais”.

Fora o aumento de preços. “Os reajustes estão muito fortes, isso atinge o varejo e o aplicador, e nós da Cobra temos uma grande preocupação em relação à rentabilidade com a reposição da peça. Nós mantemos os nossos preços estabilizados, somos de deixar a mercadoria pronta para entregar para o cliente. O distribuidor tem que ter o cuidado de não comprar em excesso. Tem que ter muito cuidado na reposição”, disse Catirica.

Ainda de acordo com ele, a pandemia deixa uma lição. “Uma das oportunidades que temos é a de sermos melhores, trabalharmos para não termos o inimigo, somos todos do mesmo mundo. O concorrente não é inimigo, tem mercado para todos”. “Estamos passando por uma seleção natural, quem não se adaptar ao momento, não tem administração, não tem capital e não trabalha mantendo o pé no chão, estará fora do mercado”, expôs Fabiano Massariol.

Ambiente digital

O mundo digital também foi um dos temas da live e na reparação automotiva, Alexandre Dias disse que este ambiente vai até um certo limite. “Na prestação de serviço in loco, o cliente tem que levar o carro. O que eu já faço há mais de 20 anos é o leva e traz, e o serviço de agendamento”. A novidade é que eles lançarão em julho o seu e-commerce, o Guia Norte Auto Part’s. “Será praticamente uma venda casada, usando o estoque do distribuidor e do fabricante”, explicou.

Nas palavras de Catirica, não tem como escapar da tecnologia. “A Cobra tem evoluído tecnologicamente, criando um ambiente de trabalho em que todos possam crescer. O que serve para todos nós é também escolher a tecnologia correta. Ela nunca substituirá o ser humano, ela é um apoio”. E assim como existe o iFood, Fabiano Massariol prevê a criação do iPeças, pela tecnologia ser um caminho sem volta.

Garantia

Outro tema também bastante recorrente nas lives do Balcão Automotivo é a questão da garantia de peças. A sugestão de Catirica é que haja um QR Code nas embalagens informando como é a garantia, como já é feito por algumas marcas do setor, e que também os promotores das fábricas conversassem mais com todos os envolvidos, incluindo o cliente final nas oficinas.

“A garantia afeta o distribuidor, o varejista e bastante o aplicador, principalmente quando ele não tem treinamento e aplica a peça de forma errada. Eu gostaria que melhorássemos muito a questão da garantia, tanto por parte do distribuidor, do varejista, como do aplicador”.

Para Dias, o principal é trabalhar com peças de qualidade. “Nós temos duas variantes extremamente importantes e que têm que ser respeitadas: nós estamos lidando com vidas, nós somos aplicadores e temos uma responsabilidade absurda, e a perda do valor da mão de obra, do tempo de desmontar o veículo, e o pós-venda que é extremamente prejudicado, pois você traz o cliente para dentro da loja e é retrabalho”.

Fabiano Massariol colocou que a garantia não é só por falta de qualidade do produto. “Ao longo de 20 anos, nós fizemos vários treinamentos e palestras. A garantia não é só falta de qualidade do produto”, validou.

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