BA 179 | Retomada: Segmento de pesados mostra recuperação durante pandemia

Aos poucos, o mercado está voltando aos níveis normais de abastecimento. No caso da RTE Rodonaves, o planejamento faz toda a diferença

No início da pandemia, o abastecimento de peças foi bastante impactado e ao que tudo indica caminha para voltar à normalidade. “No início, atingiu níveis de falta de mercadorias muito preocupantes. Apesar do esforço dos distribuidores em manter o setor abastecido, grande parte dos nossos fornecedores parou suas atividades acompanhando o movimento das montadoras, deixando o mercado de reposição desabastecido”, afirma Eduardo Felipe Sá de Camargo (foto), diretor de Vendas da Pacaembu Autopeças e membro do Supervisory Board da Temot International.

Um cenário que começou a mudar a partir do segundo trimestre deste ano. “Desde o início da pandemia, o segundo semestre de 2021 foi o melhor em abastecimento. Ele ainda não está normalizado, houve uma melhora em relação aos meses mais críticos da pandemia, mas ainda temos muitas faltas de produtos em função da demora da entrega dos pedidos por parte das indústrias”, diz.

Ele informa que são vários fatores que explicam esta situação. “Entre eles, podemos mencionar a falta de matérias-primas importantes, a dificuldade de transporte dos itens importados, o aumento da demanda visto que o mercado de reposição está aquecido e a retomada das montadoras”. Tudo isso refletiu no bolso. “Os aumentos de preços, desde o início da pandemia, nos assustaram muito”, ressalta.

E acrescenta que eles estão sendo frequentes. “Não apenas pela escassez de insumos, mas também em função da desvalorização cambial e do preço internacional das commodities. O aumento dos custos de mão de obra, energia, combustíveis, entre outros, impactam diretamente os preços, e ainda hoje, temos alguns fornecedores promovendo aumentos muito acima dos níveis de inflação”.

O resultado é uma instabilidade no mercado de reposição. “Isso trouxe uma instabilidade também muito grande no mercado de reposição, que não consegue repassar estes preços para nossos clientes. Podemos dizer que o período de estabilidade de preços em autopeças, que vivenciamos por um longo período de tempo, acabou”, valida.

Frotista e Distribuidor

No relacionamento com os frotistas, Camargo comenta que há tempos eles estão buscando entender o negócio de cada cliente da Pacaembu e levar para eles a melhor solução para a manutenção da sua frota. “Sempre trabalhamos muito próximos aos nossos clientes para levar soluções que diminuam seu custo por quilômetro rodado”.

Ele destaca que a filosofia da Pacaembu está baseada em ajudar ao máximo o seu cliente para que ele tenha uma maior eficiência na sua operação. “Quanto mais eficientes e fortes estiverem nossos clientes, mais oportunidades a Pacaembu terá para continuar sua parceria com eles”.

E a pandemia intensificou mais ainda essa relação. “Intensificou algo que já trabalhávamos junto aos nossos clientes nos últimos anos. Eles viram da noite para o dia que precisavam olhar com muito mais cuidado para todos os aspectos de sua operação. A manutenção e, por conseguinte, as peças de reposição passaram a ser foco maior de atenção. Nossa forma de atuação veio ao encontro a essa crescente necessidade por parte dos frotistas de ônibus e de caminhões, na redução de custos e aumento de eficiência”.

Camargo comenta que a Pacaembu investe muito em lançamento de novos produtos. “Com um portfólio sempre atualizado para atender a frota, não importando sua idade. A qualidade incontestável de nossos fornecedores garante a qualidade no serviço de transporte e a tranquilidade de nossos clientes”.

Demanda

Questionado em que proporção os frotistas demandam peças dos distribuidores, Camargo responde que, na visão dele, eles concentram suas demandas de fornecimento de peças nos distribuidores. “O frotista tem uma exigência de nível de serviço que está muito alinhada ao trabalho do distribuidor. A Pacaembu, sempre trabalhando para prestar um serviço de qualidade, realiza no mínimo duas entregas por dia para todos os nossos clientes no raio de atuação de nossas 32 filiais. Temos uma equipe de mais de 400 profissionais para dar um pronto atendimento técnico para atender suas demandas”.

Esse compromisso em atender com o menor tempo possível vem ao encontro às exigências dos frotistas. Para isso, as filiais da Pacaembu mantêm um estoque abastecido de acordo com a demanda de cada região, disponibilizando itens a pronta entrega.

“A indústria não consegue realizar o atendimento técnico que nosso cliente frotista necessita e ao mesmo tempo atender com a rapidez e assertividade que sua atividade exige. Por isso, trabalhamos muito próximos aos nossos fornecedores para chegarmos ao mercado como um só no atendimento aos nossos clientes frotistas, levando nossa qualidade de atendimento e serviço a todo Brasil”, conclui Camargo.

Case da RTE Rodonaves

A RTE Rodonaves tem uma frota de mais de 3.000 veículos e, para a manutenção, ela tem oficina própria. “A manutenção preventiva é feita de acordo com a quilometragem rodada de cada categoria: a cada 10.000 km para os veículos leves, a cada 20.000 km para os médios, a cada 40.000 km para os pesados e a cada 50.000 km para os implementos”, informa o diretor de Operações, Sidnei Petruco (foto).

Ele conta também como são feitas as compras. “Elas são centralizadas nas concessionárias IVECO do Grupo e também com os maiores distribuidores de peças do País, como Pacaembu, Sama e Morelate. O volume mensal é de mais de R$ 615.000,00”. Em relação à falta de peças, Petruco diz que isso não foi um problema por eles terem planejamento.

“Faltam peças no mercado, como pneus, lubrificantes, Arla 32 e derivados de ferro/ aço como tambor de freio, rolamento, entre outros. Mas não tivemos maiores impactos por falta de material devido ao nosso planejamento realizado em conjunto com a manutenção. O planejamento prévio foi fundamental para minimizar os impactos do desabastecimento”, conclui.

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