Empresários do varejo de autopeças avaliam o mês de outubro para o setor

Fatores que refletem nos resultados do setor nas cinco regiões do Brasil

Em todo o País, a falta de peças e a disparada de preços têm sido um grande problema para o varejo de autopeças e, em muitos casos, para o seu desempenho. Para alguns, a instabilidade política também tem influenciado muito pela insegurança por ele gerada. “Percebemos que o movimento está melhor, mas em virtude dos aumentos exorbitantes de preços, o resultado foi pior. Se vendemos um item por R$ 100,00, por exemplo, na hora de repô-lo, pagamos R$ 110,00. Creio que isso foi o grande vilão do nosso resultado”, afirma Sidney Campos, da Campos Autopeças, de São Paulo (SP).

Sidney Campos, da Campos Autopeças, de São Paulo (SP) – Foto: Divulgação

César Kuroshi, da Peçauto Autopeças, em Curitiba (PR), diz que a expectativa era de que este segundo semestre seria melhor. “Para nós, este ano está sendo bem atípico, achávamos que as vendas cresceriam muito, pois a pandemia está acabando, mas não é o que está acontecendo. Talvez até mais do que a pandemia, o que está prejudicando demais é o cenário político”.

Em Manaus (AM), Altair Chaves Vieira, da Autopeças Caxangá, conta que o comércio tem oscilado muito. “Um mês você trabalha bem, depois passa dois meses sem fluxo de caixa e fica com receio de comprar (reposição), pois não sabe como o mercado irá reagir”.

Edson Luiz Artigas Correa, da Lubrificantes & Cia, localizada em Aquidauana (MS), fala sobre uma recessãozinha. “Com os aumentos de preços, as pessoas estão comprando somente o necessário, o que não tem jeito quando o carro para. Estou com a esperança de que os preços vão parar de subir e as coisas vão melhorar, mas eu não tenho do que reclamar, estamos conseguindo girar bem dentro do possível”.

Fachada da Lubrificantes & Cia, localizada em Aquidauana (MS) – Foto: Divulgação
Fachada da Lubrificantes & Cia, localizada em Aquidauana (MS) – Foto: Divulgação

Na Irmãos Maturo Autopeças, em São Paulo (SP), Marcelo Aires de Nobrega tem percebido que mês a mês o mercado está melhorando. “Ainda não está como antes da pandemia, mas ele está aquecendo. Acredito que a partir de fevereiro e março do próximo ano será melhor”.

Fachada da Irmãos Maturo Autopeças, de São Paulo (SP) – Foto: Divulgação

Em Lajeado (RS), Erino Zagonel, da Auto Peças Zagonel, prevê que terminará o ano com um crescimento entre 15% e 20%. “O mercado está bem aquecido, a gente investe muito em variedade de produtos e compramos de onde tiver, às vezes nem importa o preço, o importante é ter o produto”. Por outro lado, ele lamenta o aumento de preços. “O principal prejudicado é o trabalhador que precisa do carro e não tem condições de mantê-lo. Com isso surge a inadimplência e já estamos enfrentando esse problema”.

Fachada da Auto Peças Zagonel, localizada em Lajeado (RS) – Foto: Divulgação

Especializada na linha pesada, na Rodoceará, em Fortaleza (CE), a grande aposta foi na diversificação com a linha de acessórios, conforme diz Mara Sousa. “Entramos nesse novo segmento para dar uma aquecida nas vendas, pois no geral deu uma parada, mas neste segundo semestre as coisas melhoraram. Até o final deste ano, gostaríamos de pelo menos manter o que a gente conseguiu neste ano”.

Somente neste ano, cinco ou seis novas pessoas foram contratadas na Rodoceará e outra grande aposta é nas redes sociais. “Nos últimos meses do ano as coisas começam a parar, pois as empresas dão férias coletivas. Para o nosso movimento não cair, estamos tentando agitar as redes sociais e promoções para que possamos apenas manter”, afirma Mara.

Reposição

Sobre a falta de peças, Aires pontua que das cotações feitas, 30% não são recebidas. “Está bastante quebrado, grande parte das peças vem da China”. Um problema que também é vivenciado por Zagonel. “Quando falamos com os distribuidores e importadores, a previsão é de 90 ou até 120 dias para chegarem alguns produtos, porque a maior parte vem da China e a energia deles, que vem do carvão, está faltando na indústria. As fábricas estão trabalhando com 60% ou 70% de sua capacidade”.

Mara conta que estão faltando muitas peças, principalmente as que têm o aço como matéria-prima. “Isso sem falar na alta exacerbada de preços, quando chega para a gente, nós precisamos repassá-lo ao cliente, isso é o que dificulta um pouco e alguns não querem compreender. A nossa empresa é conhecida por não deixar faltar peças e se não tem, a gente vai buscar. Mas infelizmente chega uma hora em que se está faltando na ponta, não tem como chegar para a gente. Pode ser que no próximo ano dê uma melhorada”.

Mara Sousa, da Rodoceará – Foto: Divulgação

Na avaliação de Campos, a falta de veículos novos está intimidando o consumidor a trocar o seu carro, o que gera uma demanda para a manutenção. “Quando há muita troca de amortecedores e de embreagens, o cliente está pensando no longo prazo. Se é no curto prazo, a gente percebe que ele só troca o básico para vendê-lo. Temos visto que os clientes estão querendo produtos com maior valor agregado, o que nos leva a crer que a intenção deles é a de ficar com o veículo por mais tempo. Espero que a gente entre em uma situação um pouco melhor de estabilidade e também em relação aos preços”.

Kuroshi conta como está o cenário na Peçauto. “Tem linhas de produtos que estão se normalizando e tem outras que estão começando a faltar e não sabemos ao certo qual é o motivo”. “A falta de peças está horrível e prejudicando muito”, afirma Vieira. “Faltam muitas peças para a gente e com essas altas de preços não sei como ficará, mas a minha esperança é que melhore”, finaliza Correa.

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