BA 180 | Valtermário Rodrigues comenta sobre a quebra da rotina no trabalho

Durante longos 30 anos, Sr. Daniel frequentou a aconchegante barbearia do Sr. Arnaldo.

De repente, chegou o momento do Sr. Arnaldo encerrar suas atividades profissionais.

Com “mãos atadas”, Sr. Daniel foi conversar com um grande amigo e lhe perguntou: E agora, Juvenal? Onde irei cortar o meu cabelo desse momento em diante?

– Reflexos da rotina, meu amigo, respondeu Sr. Juvenal. Todos nós, no dia a dia, cumprimos algumas rotinas, entretanto, não devemos nos tornar reféns delas, afinal, há um mundo de possibilidades à nossa volta.

Sr. Juvenal continuou abordando o assunto: “incomodado com a rotina diária, meu amigo, Sr. Rotinaldo, contou-me sobre um dia diferente que propôs para si mesmo. Ao sair do trabalho, passou em uma floricultura, comprou rosas para presentear a esposa e a convidou para jantar em um restaurante o qual recebeu ótimas referências e passaram a noite em um local bem interessante. No dia seguinte, durante o café da manhã, sentou-se à mesa em um local diferente do habitual e incrementou itens novos ao tradicional café. Em seguida, saiu para o trabalho e experimentou um novo trajeto de casa até à empresa; chegou um pouco mais cedo e pôde conversar com os colegas de trabalho. No horário de intervalo, fez uma ligação para um amigo o qual não mantinha contato há bastante tempo e no decorrer do dia evitou usar as redes sociais, enfim, ficou atento a cada detalhe de sua rotina durante o dia todo. Resultado: gostou da experiência e se comprometeu em sempre fazer algo novo e não ficar preso, engessado, à rotina.

A rotina gera uma certa previsibilidade e observação por parte de outras pessoas: ao sair para o trabalho, logo após o café da manhã, acredite, Sr. Daniel foi abordado por um vizinho que o perguntou se aconteceu algum problema, pois percebeu que ele chegou em casa mais tarde no dia anterior, depois saiu com a esposa e agora está saindo para o trabalho um pouco mais cedo, diferente de como acontece habitualmente.

Se para as crianças cumprir uma rotina é fundamental em seu processo de formação e desenvolvimento e, principalmente, ensina a conviver com a realidade familiar e comunitária e contribui para o fortalecimento da autonomia, aos adultos é, também, importante cumprir uma rotina, como por exemplo, horários para as refeições e horários para dormir e acordar, pois ajuda no funcionamento do corpo, a estabelecer prioridades e a evitar a sensação que estamos atropelando as atividades do dia a dia, entretanto, sair um pouco da rotina faz muito bem à nossa mente, afinal, o cérebro se acostuma com a rotina e tende tornar nossas ações automatizadas.

No ambiente empresarial, a rotina é favorecida por aqueles colaboradores que preferem se manter na zona de conforto.

Se manter na zona de conforto é não experimentar novas experiências, acomodar-se, ou seja, ao se acostumar com determinados comportamentos, o indivíduo sente-se em segurança e seu desempenho acontece de forma constante.

A cada dia as empresas estão mais automatizadas. O trabalho que era realizado, por exemplo, por 10 (dez) homens, atualmente, é realizado por apenas 01 (um) e esse processo de automação e evolução tecnológica pode implicar em cansaço mental por conta da padronização dos processos.

Para amenizar os efeitos dessa rotina estressante, muitas empresas investem na qualidade de vida de seus colaboradores, promovendo diversos tipos de ações.

Em contrapartida, cada indivíduo deve investir em sua própria qualidade de vida, seja através de atividades de lazer, reservar momentos para a família e para os amigos, praticar alguma atividade física, assim como praticar o seu principal hobby.

Não precisa esperar pelo período de férias, uma vez por ano, para sair um pouco da rotina, sem falar nos profissionais que optam por vender as férias. Mas calma! Também não precisa estabelecer como regra a necessidade de fazer algo diferente durante os 365 dias do ano. As coisas devem acontecer naturalmente, sem pressão sobre si próprio.

Se analisarmos o dia a dia, por exemplo, de um balconista de autopeças, o crescente número de veículos lançados a cada ano; a grande quantidade de peças automotivas; o stress diário do profissional de vendas e do cliente; a pressão por resultados; as normas e procedimentos e processos bem definidos, forçadamente provoca uma rotina que pode implicar em prejuízos à saúde física e mental.

Para fugir um pouco da rotina, o balconista pode: trocar com um colega a posição de atendimento no balcão; usar o catálogo eletrônico em vez do catálogo manual; quebrar paradigmas; se é especialista em um determinado produto, procurar conhecer outros produtos; em vez de levar almoço todos os dias, variar pedindo delivery ou almoçar no restaurante próximo à loja; experimentar uma forma diferente de atender o cliente e de realizar suas atividades, etc.

E agora, Daniel, Juvenal, Arnaldo, Pedro, Paulo, Antônio, José…? Que tal quebrar a rotina de vez em quando?

A vida é bela e nos proporciona muitas possibilidades, quer seja no ambiente pessoal ou profissional.

A propósito, “Quebrando a rotina” escrevi à beira de uma cachoeira localizada em um lindo balneário na cidade de Ituberá, baixo sul da Bahia, afinal, ninguém é de ferro!

* Vatermário Rodrigues é Analista Administrativo Sênior da Distribuidora Automotiva S/A – Filial Salvador; Bacharel em ADM; MBA em Gestão de Empresas; MBA em Liderança Coaching; Co-autor dos livros “Ser Mais Inovador em RH” – “Motivação em Vendas” e “Planejamento Estratégico para a Vida”.

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