A blindagem está mais leve, mas há casos em que adaptações são necessárias

Ao longo dos anos, não somente a blindagem ficou mais leve, como os próprios veículos evoluíram. Sócio-diretor do grupo Autobunkers Defense, Olavo Ehmke, explica que foram dois fatores importantes para a redução do peso: a parte opaca da blindagem, o revestimento balístico da lataria do carro, e na parte transparente, na substituição dos vidros por vidros blindados mais leves.

Olavo Ehmke, sócio-diretor do grupo Autobunkers Defense – Foto: Divulgação

“Na parte opaca, na história da blindagem no Brasil, entre 1999 e 2002, os carros tinham 90% da sua área coberta com aço balístico e muito pouco com a manta aramida; a manta à prova de bala usada no colete antiprojétil. Com o tempo e o desenvolvimento da blindagem, as indústrias brasileiras foram iniciando a produção da manta aramida, a partir da compra do fio aramida ou do fio kevlar da Dupont, uma patente que durou mais de 20 anos”, conta Ehmke.

Dessa forma, o aço foi sendo substituído gradualmente pela manta na blindagem, mas havia uma limitação: as áreas que precisavam ser cobertas na lataria do veículo, cujo diâmetro era menor do que 20 cm x 20 cm, não podiam ser cobertas pela manta por não terem área de colagem suficiente.

“Com a evolução das colas e das mantas balísticas, hoje é possível ter carros blindados 100% com a manta aramida. Até um ano atrás, o carro tinha partes da lataria que obrigatoriamente, por segurança, tinham que ser feitas em aço. Hoje, elas podem ser feitas totalmente em manta e a redução do peso da manta impacta entre 10% e 15% o peso total da blindagem na parte opaca”.

No Brasil, o nível 3 A é o máximo permitido para a blindagem dos vidros de veículos dos cidadãos comuns e há duas formas para que qualquer vidro tenha a proteção balística, ele pode ser muito espesso e pesado, ou fininho e leve. “O vidro com menos espessura e com menos peso específico, que é o peso por metro quadrado, é o que trouxe mais uma leveza na blindagem em uma ordem também de 10% a 15%”, especifica Ehmke.

Ele destaca que a delaminação do vidro, o descolamento das camadas e a formação de bolhas, o que requeria a troca dos vidros, ficou para trás. “Na hora de blindar, os vidros que propomos hoje são os perenes, que não sofrem processo de delaminação”. Questionado sobre o aumento do consumo de combustível de um veículo blindado, ele diz que é muito pouco. “Aumenta na mesma proporção do que rodar com dois passageiros”, compara.

Adaptações

Comparado à blindagem de veículo no passado, hoje com as modernas técnicas, ela ficou cerca de 30% mais leve no peso do veículo. “Numa blindagem de 200 quilos, o carro vai para 140 quilos”. Sobre a necessidade de adaptações no veículo, Ehmke conta que normalmente nos carros que não têm suspensão a ar é feito um reforço nas molas da suspensão.

“Hoje, com o advento da tecnologia com câmbios de até oito marchas e o carro sempre roda com uma rotação ideal para o consumo, dirigir um carro blindado é muito parecido com dirigir um carro não blindado. Uma parte se deve à evolução da blindagem e a outra, à evolução do carro”.

Ele cita novamente os veículos com câmbio de dupla embreagem de oito marchas, além dos carros com torque variável, com o turbo, controle de tração e estabilidade, controle de frenagem e freios de última geração. “Quando brecava uma Xsara Picasso blindada, ela não parava”, diz, acrescentando que a evolução do carros também traz benefícios na dirigibilidade do veículo blindado.

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