Primeira live presencial do Balcão Automotivo retrata o bom momento do setor

“Hoje, a manutenção automotiva está vivendo o seu melhor momento”, disse Natal. Para ajudar os clientes, uma das medidas foi a ampliação do prazo de pagamento

A live número 138 do Balcão Automotivo teve um sabor especial. Ela foi a primeira realizada presencialmente em um estúdio equipado para esta finalidade. Com as presenças de Gilmar Catirica, gerente de Vendas Nacional de Autopeças da Cobra Rolamentos; Rodrigo Rodrigues, da Auto Peças Rodrigues, e de José Natal da Silva, da Mega Car Centro Técnico Automotivo, o tema foi “Distribuição, Varejo e Reparação analisam a reposição automotiva”.

Assista

Conduzida pelo editor-chefe do Balcão Automotivo, Silvio Rocha, eles falaram sobre o balanço do primeiro semestre, a queda na qualidade das peças e as perspectivas para este segundo semestre, entre outros temas. A começar por Catirica, ele contou que no primeiro semestre a Cobra cresceu mais de dois dígitos e que eles estão atendendo a 98% dos clientes, pelo trabalho feito para reativá-los. “Nós tivemos um crescimento importante, de mais de dois dígitos no primeiro semestre. Porém, a gente procura trabalhar o dia a dia, pois o semestre e o ano fazem parte desse dia a dia”.

Segundo ele, neste pós-pandemia o foco é estar presente na casa do cliente. “Nossa equipe é presente, entendemos que é importante visitá-los e conhecê-los a fundo. A crise atinge a todos, mas ela sempre existiu. A cada momento nós temos uma situação, então, buscamos estar presentes, trabalhado dentro de uma realidade correta. Existe espaço e oportunidades e não podemos ficar lamentando e nos preocupando com coisas de fora que vão nos atrapalhar”.

Neste ano, a Cobra abriu duas filiais para ficar mais próxima dos clientes. “O nosso objetivo é sermos rápidos para atendermos o cliente e para ele não ter que comprar em grandes quantidades. Em todas as lojas da Cobra, o retira é muito forte. Além do apoio do retira rápido e o estoque mais perto do cliente, a gente orienta, dá treinamento, pois tem uma situação perigosa no mercado: o cliente compra mais do que poderia ter comprado, às vezes tem promoções e ele compra em volume, mas esse item pode até diminuir de preço depois”.

Sobre o abastecimento, Catirica disse que “os distribuidores têm recebido as mercadorias, as fábricas têm trabalhado nisso com seriedade. Ainda existem pontos que precisam melhorar, existem falhas, mas a diversidade da Cobra facilita. Nós temos várias marcas importantes, além da nossa marca própria”.

Prazo ampliado

Com uma autopeça e um auto center, Rodrigues falou que ambos estão indo muito bem neste ano, também com crescimento na casa de dois dígitos. “Estamos conseguindo bons resultados, trabalhando com agendamento no auto center e os números da autopeças estão melhores do que em 2021. No nosso planejamento para este ano, nós tentamos chegar a um número que não fosse impossível de ser atingido, mas que também não fosse nada, pois caso contrário, não saberíamos para onde o nosso barco estava caminhando”.

Para dar apoio aos seus clientes, eles ampliaram o prazo de pagamento em até seis vezes no cartão, na autopeças e no auto center. “Nós ficamos muito receosos em ampliar este prazo no início da pandemia, mas foi uma das decisões mais assertivas. Antes, vendíamos até três vezes e para algumas situações especiais, em até quatro. Para a oficina foi muito impactante”.

Natal também adotou a mesma medida. “A dificuldade de pagamento existe e nós optamos por fazer uma parceria com uma fintech para oferecer um parcelamento em até dezoito vezes, com uma taxa de juros muito atrativa. Isso ajudou a manter alguns orçamentos que extrapolam valores para que os clientes pudessem fazer o serviço. Mas, pela minha percepção, o cliente está fazendo estritamente o necessário, o que dá para esperar ele prefere, desde que não envolva a parte de segurança, pois temos que ter a responsabilidade de orientar bem o cliente”.

Ele contou que desde a pandemia, ele poderia ter crescido mais, o limitador foi o espaço físico da sua oficina. “Eu não consigo expandir fisicamente e isso me restringe também no faturamento. Se eu tivesse mais espaço, a demanda cresceria, pois hoje há a dificuldade da troca do carro, o cliente está inseguro em fazer dívidas, ele opta em fazer a manutenção. Acho que hoje a manutenção automotiva está vivendo o seu melhor momento. Porém, a venda menor do veículo zero será sentida lá na frente”.

Qualidade das peças

Para os três participantes da live, a qualidade das peças caiu, mas não de maneira generalizada. “Quando os produtos vêm da China e da Índia, nós compramos de fabricantes qualificados. Há produtos que vieram de outros países com qualidade inferior, inclusive, deixamos de comprar de alguns fornecedores porque o índice de garantia começou a aumentar bastante. Muitos fabricantes produzem no Brasil e no exterior, e quando importam, eles sabem a procedência. É comprar realmente de distribuidores qualificados e de fábricas que são reconhecidamente de 1ª linha”, afirmou Catirica.

Natal disse que até empresas conceituadas no mercado trouxeram peças sem qualidade. “Boa parte dos produtos que consumimos é chinesa e tem que diferenciar de quem eles são. O que aconteceu com alguns fornecedores é que eles não são especialistas em determinados tipos de produtos, quiseram ampliar o portfólio e começaram a importar produtos que não são o core business deles. Eles podem ter comprado gato por lebre”. Rodrigues falou que pela falta de qualidade, algumas marcas não entram mais na sua oficina. “Também percebi que às vezes são marcas conceituadas e peças que eles já trabalhavam há anos no mercado, não necessariamente uma linha nova”, acrescentou.

Segundo semestre

Para este semestre, Rodrigues tem uma projeção bem otimista, tendo em vista que as pessoas ficaram mais seguras com a vacinação e o trânsito até piorou. “Acho que o segundo semestre será histórico para o nosso setor. Tirando a inflação que é o nosso calcanhar de Aquiles, talvez as eleições e a Copa do Mundo não vão atrapalhar tanto quanto ela”.

Catirica avaliou que há situações preocupantes em termos econômicos, mas que não podemos ficar presos nisso. “Claro que nós temos que pensar em um segundo semestre melhor para todo mundo, mas eu prefiro que a gente pense em cada dia bom, pois o semestre e o ano sempre começam no dia. Vamos fazer o melhor de cada um deles. Nós temos situações preocupantes em termos econômicos, mas temos que buscar fazer o melhor de cada um”.

Natal contou que assim como tantos outros empresários, ele achou que fosse quebrar no início da pandemia e que especificamente quando comparado janeiro a julho deste ano com o mesmo período de 2021, o resultado na sua distribuidora foi considerável. “O ticket médio da minha oficina baixou, mas eu cresci como empresário. Na parte de distribuição, o crescimento foi de 59,68% no meu faturamento”. E ele segue como um otimista nato neste segundo semestre.

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