Vendas de autoveículos neste ano devem superar o resultado alcançado em 2021

Em coletiva à imprensa, o presidente da Anfavea também falou sobre a ida ao Japão e as iniciativas para trazer investimentos para o Brasil suprir a demanda por microchips

Na sexta-feira, 07/10, a Anfavea realizou a sua coletiva de imprensa mensal para apresentar os números até setembro. No acumulado do ano, a produção de autoveículos totalizou 1.653.000 unidades, um crescimento de 6,3% em comparação ao mesmo período de 2021. Quando comparado mês a mês, a queda foi de 12,7%, com 207,8 mil unidades, o que se justifica por agosto ter mais dias úteis do que setembro.

No segmento de caminhões foram 116,7 mil unidades produzidas até setembro, ante 118,3 mil unidades no acumulado de janeiro a setembro de 2021. Já ônibus tiveram um crescimento de 63,6%, comparando os dois períodos, de 2022 e 2021, somando 23,8 mil unidades.

Incluindo todas as categorias, a produção de veículos no País vem crescendo, ainda que a falta de semicondutores persista. O 3º trimestre teve o melhor desempenho do ano, com 665 mil unidades produzidas. No segundo trimestre a produção foi de 596 mil unidades e de 496 mil, no 1º trimestre.

O que ajudou no 3º trimestre foram as férias na Europa, conforme disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. “Com as férias na Europa, sobraram mais semicondutores para o Brasil”, afirmou. Ele também falou sobre a dependência de chips e os caminhos para a produção local atender a demanda que só crescerá.

Recorde previsto

Segundo Leite, a previsão é de que até final deste ano, as vendas de autoveículos superem os resultados de 2021. A expectativa é chegar a 2.140.000 unidades. “Para atingirmos este número, nós precisaremos emplacar 637 mil unidades nos próximos três meses, um volume maior do que em 2021, quando vivíamos o maior momento da crise de insumos. Em 2020, o problema de semicondutores não era tão grave e conseguimos emplacar 684 mil unidades nos últimos três meses. É um desafio, mas factível”.

Neste ano até setembro, foram 1.503.000 autoveículos emplacados, resultado 4,7% superior ao mesmo período de 2021. Caminhões tiveram uma queda de 2,2%, enquanto no segmento de ônibus a alta foi de 8,8%.

“Na média diária de emplacamentos, setembro foi um mês espetacular, ultrapassamos a média de 9,2 mil automóveis emplacados por dia. Foi o 8º mês consecutivo de crescimento, mesmo com todas as dificuldades relacionadas à produção e insumos. O que mostra a criatividade da nossa indústria e de logística. O esforço é maior, mas estamos conseguindo atingir o resultado”, afirmou Leite.

Motorização

Ainda que a participação dos veículos elétricos e híbridos seja pequena na frota total, os números apontam para um crescimento. Em setembro foram emplacados 6.388 automóveis e comerciais leves, bem acima do mês anterior (4.264 unidades). No acumulado do ano foram 34,2 mil unidades, ante 21,4 mil no mesmo período de 2021. “Eletrificação não pode ser considerada como modismo, ela é fundamental para o setor automotivo, que tem no seu DNA a rota de descarbonização”, disse o presidente.

Tendência de crescimento também nos segmentos de caminhões e ônibus. No acumulado do ano foram emplacadas 813 mil unidades de modelos elétricos e a gás, em 2021, também até setembro, o volume foi de 119 mil unidades. “Ainda que baixo no volume total comercializado, o crescimento mostra uma tendência e uma oportunidade surgindo neste mercado”, afirmou o vice-presidente da Anfavea, Gustavo Bonini.

Cenário atual

Nas palavras do presidente da Anfavea, o cenário de alta taxa de juros, inadimplência e restrição ao crédito, ainda não afetou o setor. “Essa situação não impactou nosso mercado. O nosso desafio é entender qual é o teto disso, a dificuldade de acesso ao crédito, e o quanto vai repercutir no futuro”.

O crédito é fundamental para o setor automotivo. “Cada vez mais está havendo um descolamento entre as vendas à vista e a prazo. Nós já vínhamos  posicionado isso, na virada deste ano houve a inversão, as vendas à vista superaram as vendas a prazo. Isso vem ocorrendo, o que não é normal para o setor de automóveis e nem para o setor imobiliário”. Em agosto, as vendas à vista representaram 65% do total.

Mesmo com a demanda crescente de vendas, Leite diz que ela está sendo atendida e que houve aumento de produção, mas o problema de falta de semicondutores existe e a expectativa é de um cenário melhor a partir do segundo semestre de 2023.

Dependência e produção local

Há vários movimentos para a produção local de chips e em números, o presidente da Anfavea comentou a alta dependência do Brasil, que importa cerca US$ 13 bilhões em semicondutores (importação direta e de componentes que têm semicondutores). “O tamanho da nossa indústria quando considerados US$ 13 bilhões em importação, além do que é fabricado no Brasil, justifica qualquer investimento, pois nós temos uma boa base tecnológica e que pode antecipar esse processo”.

Segundo ele, as montadoras têm uma participação de 12% da demanda por chip, o que representa pelo menos US$ 1,5 bilhão. Ele também comentou a visita ao Japão. “Nós tivemos vários encontros e também com a turma de Taiwan, em um recente encontro que fizemos com o governo e a indústria. Taiwan é extremamente relevante no mercado de semicondutores e nós queremos parcerias com países que fazem o estado da arte, porque ao investir no Brasil, nós queremos ter aqui os melhores investimentos e que não sejam apenas para o País, mas que também visem o mercado de exportação”.

A ida ao Japão também foi uma oportunidade para a Anfavea apresentar as suas demandas. “Como montadoras, nós estaremos juntos nesta busca da demanda e para reforçar qualquer investimento”. E como posto por ele, a demanda por microchips nos veículos aumentará cada vez mais.

“Antes, em alguns modelos, eram 300 microchips/veículos, hoje, são 1.500 a 2.000 por unidade, e a previsão é que aumente. Quando se fala em demanda por microchip, ela é uma evolução constante. Quando se fala em novas fábricas, não se pode pensar em atender essa demanda atual, a quantidade nesses automóveis tem subido de forma espetacular”, afirmou.

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