Modelos de compartilhamento, assinatura e compra individual tendem a coexistir no Brasil, a eletrificação ganha impulso

No dia 1º novembro, a OLX realizou a segunda edição do Conecta Autos, desta vez 100% presencial em São Paulo (SP). O evento apresentou as principais tendências de mobilidade e os modelos de assinatura de veículos, compartilhamento e de compra individual. Em entrevista ao Balcão Automotivo, Andries Oudshoorn, CEO na OLX Brasil, disse que os modelos devem coexistir nas diferentes etapas de vida de cada indivíduo e nos diferentes locais do País.

“O Brasil é diferente da Europa, onde o número de carros por pessoas diminuiu. Eu acredito que tenha espaço para todos os modelos crescerem no País. Alguns começam pelo modelo de assinatura e depois esses veículos são vendidos como usados. Nós temos um papel em cada um desses momentos”, afirmou. A plataforma OLX tem 48 milhões de usuários, sendo 20 milhões em autos e 1,7 milhão de anúncios de veículos. A cada 5 vendas realizadas no mercado de autos, 1 delas acontece através da plataforma OLX.

Diretor na Localiza Meoo, Glauco Fernandes Zebral, apresentou o exemplo deles. “Há cerca de sete anos, os nossos vendedores de gestão de frota nos questionavam sobre um modelo de assinatura para pessoas físicas. Começamos a testar a venda de assinaturas para pequenas e médias empresas e, depois de várias pesquisas, vimos que dá para usá-la para pessoa física, o que deu muito certo”.

Eletrificação

VP de Autos e Comercial da OLX, Flávio Passos, comentou as barreiras para a eletrificação no País e os avanços. “Os três principais desafios são a infraestrutura, que gera uma ansiedade elétrica: será que o carro vai chegar até o destino e em que ponto do trajeto ele conseguirá carregá-lo? Preço ainda é uma barreira de entrada, mas como vimos no evento a 99 tem um projeto para expandir toda a sua frota para eletrificação, o que é um passo para socializar o consumo desses veículos. A terceira é educar, como fizemos hoje no Conecta Autos, mostrando a realidade e democratizando a informação”.

Segundo ele, por si só, os números da Fenabrave são animadores. “Eles mostram um crescimento de 45% ao ano no número de carros elétricos licenciados. Estamos no caminho que é natural, mas ainda ele é longo pela frente”. Sobre a expansão da frota eletrificada, Thiago Hipolito, diretor Sênior de inovação em mobilidade da 99 e Líder do DriverLAB, contou o que é o Aliança de Mobilidade Sustentável no Brasil.

“A 99 é uma empresa de mobilidade que lidera o foco na eletrificação. O nosso plano é lançar a Aliança de Mobilidade Sustentável no Brasil, hoje composta por 11 empresas de múltiplas indústrias dentro do ecossistema de eletrificação. Ela é real e já está acontecendo. O objetivo é ter uma frota de veículos elétricos em São Paulo, desenvolver a infraestrutura de carregamento, apoiar o avanço do debate sobre VE e seu impacto positivo no Brasil”.

No projeto piloto, Hipolito disse que são mais de 50 carros rodando, neste ano eles devem chegar a 300 e em 10 mil veículos, em 2025. “Temos dois fatores hoje, o valor do carro, mesmo o mais simples é caro, mas o preço no modelo de aluguel fecha a conta para quem roda muito. E para a adoção em massa, nós precisamos de um produto adequado à realidade brasileira, hoje os mais simples ainda têm pouca autonomia. O motorista consegue carregá-lo em sua casa, a infraestrutura não é a ideal, mas não é eliminador de adoção”.

Seminovos e usados

Presidente da Fenauto, Enilson Sales, apresentou os números de mercado e falou sobre os desafios da formalização do setor. “A Fenauto tem 28 associados, 48 mil representantes de veículos, presentes em mais 4 mil municípios. Em 2021, nós movimentamos 15 milhões de veículos, R$ 400 bilhões em faturamento e mais de R$ 180 bilhões em carteira de crédito, que neste ano chegaremos a R$ 220 bilhões. O comércio de seminovos e usados no Brasil é muito rentável, pujante e extremamente forte. Chegamos a 13,5 milhões de veículos neste ano, em um cenário bem desafiador”.

Um dos grandes desafios do setor é a formalização. “Há uma enorme informalidade no nosso setor e talvez o Renave ajude bastante. Ele vem para facilitar e desburocratizar uma série de processos de transferência da propriedade de veículos novos e usados, impede fraudes por clonagem de veículos e atua no combate à ilegalidade”, pontuou.

Buscas por veículos

Executiva de Negócios no Google Brasil, Priscila Biancardi, mostrou alguns números que ilustram a procura por veículos no País. “Neste ano, a busca pelo termo “carro” cresceu 93%, isso pode significar que as pessoas estão buscando informações sobre o melhor momento para comprar ou trocar de carro, ou estão buscando informações, como por exemplo, acerca de eletrificação”.

Outro comparativo que ela fez foi sobre o interesse das pessoas por carros usados e seminovos, 52% maior do que em 2019, e o tempo em que elas levam entre pesquisar e comprar o carro, 57% dos compradores gastam menos de 1 mês pesquisando antes de comprarem e 17% menos de 1 semana.

“A maior parte dos compradores visita mais de uma loja física antes de tomar a decisão, em média, 2,8 lojas. Os principais motivos que levam à escolha do consumidor pela loja física é preço e sortimento”. Entre as tendências comentadas por Priscila, ela falou sobre assinatura, de acordo com uma pesquisa do Google. “Hoje, os carros por assinatura representam 8% do mercado de locação de auto, com um crescimento de mais de 55%, em 2021.84% dos executivos do setor automotivo acreditam que até 2030 carros por assinatura serão uma oferta competitiva ante as compras tradicionais”.

Autopeças na plataforma

Na entrevista ao Balcão Automotivo, Flávio Passos falou sobre as oportunidades no mercado de autopeças. “Os mercados de autos e de peças têm total correlação. Hoje, somos muito dedicados ao setor de veículos, mas temos muitas oportunidades que ainda não exploramos no mercado de autopeças, e isso está nos nossos planos. Hoje, isso acontece organicamente na plataforma OLX, somos share of mind, quem compra o carro, amanhã precisa de uma peça de reposição e busca na plataforma”, finalizou.