Pelo indicador da Serasa Experian, as mais afetadas são do setor de Serviços, seguidas pelo Comércio
Por: Karin Fuchs
Em novembro do ano passado, 6.392.011 de empresas no País estavam inadimplentes. Esse volume é o maior da série histórica do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, que teve início em 2016. No acumulado do ano, foram registrados 45 milhões de débitos negativados, de contas que não foram pagas, totalizando R$ 108 bilhões. Cada empresa inadimplente devia, em média, para sete credores.
Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, “ao longo de 2022 este quadro veio se agravando, praticamente, não houve nenhum mês de queda desta estatística. A inadimplência subiu de forma ininterrupta ao longo do ano”. Por setor, mais da metade das empresas inadimplentes atuam no segmento de Serviços (53,5%), seguidas pelo Comércio (37,5%), Indústria (7,7%), setor Primário (0,8%) e outros (0,4%).

Motivos
O principal motivo para a inadimplência das empresas é o aumento da inadimplência dos consumidores, seguido pela alta de juros, conforme explicou Rabi. “Quando o consumidor fica inadimplente, do outro lado do balcão, normalmente, é uma empresa que deixa de receber, pode ser um varejo ou uma empresa prestadora de serviço, ou de serviços públicos, como de água, luz e telefone”.
Mas de acordo com Rabi, a grande maioria da inadimplência dos consumidores acontece justamente fora do sistema bancário. “São as empresas não financeiras que acabam sofrendo parte da inadimplência dos consumidores e este dinheiro faz falta para elas, que ficam com dificuldades financeiras, pois elas vendem ou prestam serviços e acabam não recebendo. Consequentemente, elas terão dificuldades de pagar seus credores”.
O segundo fator é o aumento dos juros que aconteceu ao longo de 2022. “Quanto mais aumenta a taxa de juros, mais caras ficam as dívidas e as renegociações e isso acaba sendo outro fator que faz com que a inadimplência das empresas aumente. Pois, hoje, a despesa de uma empresa com juros é bastante elevada e isso acaba prejudicando ainda mais o seu caixa”, afirmou.
Saída
Nas palavras de Rabi, a melhora desse quadro de inadimplência das empresas depende de uma reação em cadeia. “Para que esse cenário mostre uma visão mais positiva, é necessário que os consumidores consigam sair da inadimplência, aumentem seu poder de compra e comecem a honrar com seus compromissos financeiros, além de consumir mais. Esses dois fatores deverão contribuir para o fluxo de caixa dos negócios que, só então, conseguirão se organizar financeiramente”, finalizou.