Anfavea tem números positivos de vendas e produção veicular no acumulado do ano

O alerta é para o avanço das importações, principalmente da China, que acumularam alta de 633% neste ano, e os impactos que o setor pode ter com a tragédia no Sul do País

Por Karin Fuchs

O mês de abril terminou com números positivos para o setor. Foram 222.000 unidades produzidas e 221.000 comercializadas, considerando todos os segmentos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus). No entanto, as exportações sofreram uma queda de 16,4% em comparação ao mês anterior, após acumularem altas consecutivas neste ano, enquanto as importações avançam. Foram 27.000 unidades exportadas em abril e 36.000 unidades importadas. Destaque para o aumento das importações provenientes da China, de 6,33% em abril e de 633% no acumulado do primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Os números acima fazem parte do balanço da Anfavea sobre o mês de abril e do primeiro quadrimestre deste ano. Começando pela produção, as 222.000 unidades em abril representam um avanço de 13,5% em relação a março e de 24,2% em comparação a abril de 2023. No acumulado do ano, a alta foi de 6,3% em relação ao primeiro quadrimestre de 2023, com 760.100 unidades.

“A produção, de forma geral, poderia ter sido melhor, mas nós mantivemos um crescimento das importações, principalmente vindas da China. Somente no mês de abril, foram mais de 10 mil unidades chinesas importadas”, comentou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.

Crédito estimulou as vendas

Considerando também todas as categorias, as 221.000 unidades emplacadas em abril foram 17,6% superior ao resultado do mês anterior e 37,4% acima do mesmo mês de 2023. No acumulado de janeiro a abril, foram 735.000 unidades emplacadas, 16,3% acima do mesmo período de 2023.

“O destaque para este crescimento é o crédito, fundamental para o crescimento deste mercado, e no primeiro quadrimestre deste ano, a oferta/volume de crédito aumentou 35,7% quando comparado ao ano anterior, e também a taxa de juros, o custo do financiamento, é a menor desde outubro de 2021, embora ela ainda não esteja baixa”, justificou Leite.

Destaque também para a média diária de vendas, de 10.038 unidades em abril, a melhor em cinco anos para o mês. Um crescimento de 6,9% em relação ao mês anterior e de 12,4% quando comparado a abril de 2023. “A média diária de emplacamentos é extremamente relevante, muito expressiva, do que tínhamos nos meses anteriores e também em 2023”, disse o presidente da Anfavea, pontuando que em janeiro a média diária foi de 7.300 unidades, em fevereiro, 8.700, e em março 9.400.

Elétricos conquistam o mercado

No ano passado, foram 93.900 veículos emplacados híbridos + híbridos plug-in e elétricos. Os elétricos tiveram uma participação de 0,9% de mercado e os híbridos + híbridos plug-in, de 3,4%. Neste ano, com o resultado do primeiro quadrimestre, 51.300 unidades emplacadas, a participação dos elétricos no mercado saltou para 3% e a dos híbridos + híbridos plug-in para 4%. “Se mantivermos essa tendência, devemos chegar ao final do ano com algo em torno de 150.000 a 180.000 unidades emplacadas. Embora haja aumento da tarifa de importação, o que se verifica na prática é o aumento constante de emplacamentos de novas tecnologias”, afirmou Leite.

 

Avanço das importações

A Argentina se manteve como o principal país de origem de veículos importados no Brasil, com 56.000 unidades no acumulado deste ano, volume similar ao primeiro quadrimestre de 2023. O destaque, como dito anteriormente, foi para a China, com um crescimento de 633% no primeiro quadrimestre deste ano, totalizando 34.494 unidades. Incluindo todas as origens, foram 126.447 unidades que entraram nesse ano no País, 43% acima das 88.152 unidades computadas no primeiro quadrimestre de 2023.

Segundo Leite, “embora o mercado tenha crescido em volume de produção e emplacamentos, quando falamos em unidades, o crescimento das importações é muito superior ao crescimento do mercado. As exportações em queda e as importações crescentes acabam limitando e impactando a nossa produção”.

Comportamento dos pesados

O segmento de pesados vem em um viés de crescimento, tanto caminhões como ônibus. Em abril, foram 11.700 caminhões produzidos, 3,8% acima de março e 60,7% superior a abril de 2023. “É uma alta expressiva, que tem como pano de fundo a entrada em vigor da fase Proconve P8 no ano passado, e de certa forma, a gente compara com uma base de abril (2023) bastante baixa. A gente segue em uma trajetória positiva, de alta, retomando o que acreditamos ser a normalidade para o nosso segmento de pesados”, comentou Eduardo Freitas, vice-presidente da Anfavea.

No acumulado do ano, a produção de caminhões avançou quase 30%, em relação ao primeiro quadrimestre de 2023, chegando a 41.000 unidades. Sobre as vendas, em abril foram 10.800 unidades, 8,8% acima de março e 37,5% superior a abril de 2023. Foi o melhor resultado desde dezembro de 2022 e o melhor abril desde 2014. “A gente vem observando que a média de emplacamentos diários segue muito bem próxima a 500 unidades, estamos retornando à normalidade”, disse Freitas. No acumulado anual foram 37.200 unidades, 2,2% acima do primeiro quadrimestre de 2023.

No segmento de ônibus, saíram da linha de produção 2.800 unidades em abril, 6,9% mais do que em março e 72,5% acima de abril de 2023. No primeiro quadrimestre foram 9.300 unidades produzidas, 64,8% superior ao primeiro quadrimestre de 2023. “Esse crescimento é justificado por dois grandes fatores. Neste ano temos eleições municipais e, tradicionalmente nesses anos, a gente tem uma antecipação de compra por parte dos municípios e para renovação da frota. E também temos o programa Caminho da Escola, as unidades começam a ser entregues e a produção vem acelerando”.

Já as vendas de ônibus somaram 1.700 unidades em abril, 7,6% acima do mês anterior e 23,2% acima de abril de 2023. No quadrimestre, a queda foi de 23,5% em relação ao mesmo período de 2023, somando 5,8 mil unidades. A justificativa para esse decréscimo, disse Freitas, são as entregas para o programa Caminho da Escola. “No ano passado, todas as entregas ocorreram até março, e neste ano, a gente começou a entregar em março”.

Riscos da tragédia no Sul

Os números positivos apresentados pela Anfavea até então, ainda não sugerem uma revisão. “Eles estão bastante em linha com as simulações que havíamos feito de 6%, 7%, de crescimento neste ano”, disse Leite. O que pode impactar são os efeitos que a tragédia na região Sul pode gerar no setor. Conforme explicou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima leite.

“Algumas das nossas fabricantes estão trabalhando com estoque, devido aos fornecedores que estão com suas operações suspensas. Elas estão em sinal de alerta de que a qualquer momento podem ser impactadas. São 12 fabricantes no Sul do País, dessas, 7 associadas (à Anfavea), 680 concessionários e 540 unidades fabris de diversos segmentos. O Sul tem um impacto grande na cadeia como um todo, além do agronegócio. Se houver impacto na safra, isso também pode resultar em alguma alteração para o nosso setor”.

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