Sistema oferece mais eficiência e durabilidade, mas exige cumprimento rigoroso das recomendações de manutenção do fabricante
Coordenador técnico da TAKAO detalha os fatores que afetam a vida útil da correia banhada a óleo e como preveni-los
Com a popularização dos motores de menor cilindrada nos automóveis lançados nos últimos anos, algumas tecnologias ganharam destaque no mercado. E a correia dentada banhada a óleo é uma delas. Desenvolvida para oferecer mais eficiência e durabilidade, sua manutenção exige o cumprimento rigoroso das recomendações do fabricante. No entanto, a frequência de falhas registradas em alguns motores tem feito com que o sistema ganhe destaque entre reparadores e proprietários. Para esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, Marlon Dias, coordenador técnico da TAKAO, marca de componentes para motor comercializada exclusivamente pela Goop Distribuidora e referência no mercado de reparação automotiva, explica os aspectos mais importantes relacionados ao funcionamento e à manutenção desse componente.
O sistema de correia dentada banhada a óleo consiste na instalação da correia de sincronismo, responsável por coordenar o movimento entre o virabrequim e o comando de válvulas, imersas no óleo lubrificante do motor. Essa configuração reduz o atrito entre as partes móveis, promovendo menos vibração e ruído durante o funcionamento.
Diferentemente das correias “secas”, que operam fora do cárter, as versões banhadas a óleo são fabricadas com compostos especiais de borracha sintética e fibras resistentes à ação química do lubrificante. O contato constante com o óleo diminui o atrito interno e melhora a dissipação de calor, contribuindo para o desempenho geral do motor. Em comparação com as correntes metálicas, o conjunto é mais leve, o que favorece o consumo de combustível e a dirigibilidade.
Outra vantagem em relação à corrente de comando é a maior durabilidade. Em alguns casos, o intervalo de substituição indicado pelo fabricante pode superar 200 mil quilômetros, permitindo longos períodos de uso sem necessidade de intervenções mecânicas, o que facilita a manutenção e reduz custos para o proprietário.Entretanto, para usufruir plenamente dessas vantagens, cuidados específicos devem ser observados, principalmente no que se refere ao óleo lubrificante.
“A correia banhada a óleo é eficiente e moderna, mas exige disciplina. O óleo precisa estar sempre dentro das especificações da montadora, e os intervalos de troca não podem ser negligenciados. Caso contrário, o risco de falha é alto”, alerta Marlon Dias. “Essa peça trabalha imersa no óleo do motor e, por isso, precisa de uma composição resistente à corrosão provocada pelo lubrificante”, complementa.
Para garantir mais durabilidade, as correias são produzidas com compostos de borracha e materiais como aramida e polímeros de alta resistência térmica. No entanto, o descumprimento do prazo de troca ou o uso de óleo fora da especificação indicada pelo fabricante comprometem a integridade do componente, podendo causar falhas em todo o conjunto motriz.
“Partículas, aditivos incompatíveis ou atrasos na troca do óleo podem acelerar a degradação da correia. Fibras soltas podem obstruir o pescador do óleo, causar danos ao sistema de lubrificação e, consequentemente, afetar o virabrequim, as bronzinas e outros componentes do motor”, explica o coordenador técnico da TAKAO.
O mau funcionamento da correia banhada a óleo pode ser identificado por alguns sinais, como o acendimento da luz de óleo no painel durante o funcionamento do motor ou a presença de partículas estranhas no lubrificante. Quando isso ocorre, o prejuízo pode ser elevado, comprometendo toda a integridade do conjunto mecânico.
A substituição da correia banhada a óleo requer procedimentos específicos: é necessário drenar completamente o óleo do motor, remover os componentes que dão acesso ao sistema — como coxim do motor, filtros e carcaça da correia — retirar a correia antiga e o tensor e, em seguida, instalar as novas peças (correia, tensor e juntas). Depois, realiza-se a limpeza completa do sistema de lubrificação e o reabastecimento do motor com o lubrificante indicado pelo fabricante. Por fim, faz-se a remontagem de todos os itens na ordem inversa da desmontagem. Segundo o especialista da TAKAO, esse é apenas o procedimento básico para substituição da correia, sem considerar os possíveis danos já causados ao motor.
A compatibilidade química entre o óleo e o material da correia é fundamental. O uso de lubrificantes fora da especificação, mesmo que de boa qualidade, pode causar inchaço, descolamento de dentes ou desfiamento das fibras, levando à falha prematura do sistema. “Não adianta usar um óleo com a mesma viscosidade do lubrificante original. É preciso obedecer a todos os parâmetros de uso, incluindo a norma SAE e os padrões de aprovação adotados pela montadora”, reforça Marlon.
Essas informações estão disponíveis nos manuais dos veículos e devem ser rigorosamente seguidas para garantir a utilização do lubrificante correto. Isso preserva a integridade das peças após a troca e evita danos ao conjunto.
O especialista ainda destaca a importância de utilizar apenas produtos homologados pelos fabricantes, de origem reconhecida e adquiridos em distribuidores e estabelecimentos confiáveis.