“Adotar essa bandeira internamente se transformará em valor econômico para a companhia, e a imagem da marca empregadora também é fortemente beneficiada, uma vez que os profissionais (especialmente, os mais jovens) preferem trabalhar em empresas que tenham essa diversidade como cultura e valor”, afirma Ricardo Haag
Por Karin Fuchs
Nas palavras de Ricardo Haag, sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção, nos últimos anos, ficou nítido como a diversidade e inclusão se tornou um tema cada vez mais presente nas empresas e, ao mesmo tempo, um elemento extra desafiador.
“Afinal, construir times diversos vai muito além do que um discurso bonito, e depende de uma verdadeira compreensão do porquê estão buscando essa pluralidade interna para que os benefícios de contratar estes talentos consigam ser sentidos, em prol do destaque corporativo”, afirma.
Pelo estudo “Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil”, 81% das empresas dedicam um orçamento apenas para ações de diversidade e inclusão, e isso inclui empresas de todos os portes. “Há uma clara consciência do mercado da importância desta pauta, construindo um ambiente de trabalho rico e diverso em termos de costumes, culturas, religiões, etnias, etc. Mas, em muitos casos, acabam se tornando apenas ideais que não conseguem ser, de fato, incorporados na cultura organizacional”, comenta Haag.

Para as empresas que acreditam genuinamente na importância em ter um time diverso, a dica dele é aproveitar isso ao máximo, ou seja, ter um comportamento e mentalidade produtivas nesse sentido. “Quando há uma crença verdadeira da liderança sobre este tema em prol de gerir times diversos, isso se torna um ponto extremamente a favor para que se torne parte da cultura da empresa. É preciso reforçar esse mindset cada vez mais e, na medida do possível, disseminar essas boas práticas no mercado, de forma que gerem valor para as companhias”.
Benefícios para as empresas
Ter times diversos traz várias vantagens para as empresas, conforme pontua Haag. “Se pensarmos em termos financeiros, adotar essa bandeira internamente se transformará em valor econômico para a companhia, e a imagem da marca empregadora também é fortemente beneficiada, uma vez que os profissionais (especialmente, os mais jovens) preferem trabalhar em empresas que tenham essa diversidade como cultura e valor”.
Ele destaca que ao ter esse tema fortemente permeado na estrutura, se torna mais fácil ter atração e retenção de mão de obra, e na prática, um time diverso, não apenas em questão de raça e etnia, mas que também pense de forma diferente, tenderá a trazer resultados cada vez mais positivos. “No final, a empresa ganhará em criatividade, produtividade e eficiência”.
O que de fato é uma empresa inclusiva?
Questionado sobre o que é de fato uma empresa inclusiva, Haag respondeu que ser uma empresa inclusiva não é apenas o fato de aceitar pessoas diferentes, mas sim ir além. “É aquela que preza pela diversidade, que aceita todos do jeito que são sem estereótipos ou preconceitos, vendo beleza nisso tudo. Ou seja, enxergar todas essas diferenças e ter inteligência para gerar valor ao negócio a partir delas; valor não apenas financeiro, mas no sentimento de satisfação e reconhecimento nos times, contribuindo para uma melhor performance de resultado”.
Como criar um ambiente inclusivo
Haag esclarece que criar um ambiente inclusivo não é um processo que ocorre do dia para a noite e que a liderança precisa estar completamente comprometida nesse objetivo, uma vez que essa é uma construção de médio a longo prazo. “É preciso criar oportunidades, reforçar as ações que estão dando certo nesse sentido, e garantir que esses líderes estejam dedicados nessa causa. Conforme os ganhos de se ter uma equipe diversa forem sendo sentidos com o tempo, todos os membros da empresa devem ser comunicados sobre isso, para que seja criada uma cultura de engajamento e diversa”.
Cultura da pluralidade nas pequenas empresas
É fato que em grandes empresas com comitês de diversidade e RHs olhando especificamente para isso, a tendência é que elas tenham ferramentas que ajudem a criar e fortalecer um ambiente mais diverso. Mas Haag destaca que qualquer empresa pode ter um ambiente diverso, independentemente de seu porte. “Se a companhia tiver uma liderança que acredite, verdadeiramente, que a diversidade gera valor ao negócio, por menor que seja, isso já a torna uma empresa diversa”.
Nessas companhias menores, diz ele, “o tema de diversidade acaba sendo até mais genuíno, enquanto nas maiores pode se tornar mais confuso (em uma linha tênue entre até que ponto essa pauta é implementada para agradar acionistas e o mercado, e o quanto é uma crença real da liderança)”, finaliza.