Importante pesquisa traça um panorama do setor e as expectativas para 2022

Estudo leva em consideração as opiniões de empresários de vários segmentos

Na 9ª edição do Seminário Automotivo do Nordeste, o SAUT 9, que aconteceu no dia 9 de dezembro, em Fortaleza (CE), Cláudio Araújo, da Êxito Consultoria, apresentou e comentou a pesquisa “Expectativa 2022 na visão do empresário do setor automotivo”. Aplicada pelo Sistema Sincopeças/Assopeças (Ce), presidido por Ranieri Leitão, em parceria com o Sebrae-CE, a pesquisa é anual e está na 2ª edição.

Com a participação de 145 empresários, ela abrangeu questões sobre lucratividade, tempo dedicado para cada área da empresa, ferramentas mais utilizadas, aprendizados com a pandemia, o que leva o cliente a optar pela empresa no momento da compra e as expectativas para 2022. Nesta matéria, Araújo analisa cada uma delas.

Lucratividade

Quando comparado ao ano de 2020, 37% dos entrevistados disseram que neste ano a lucratividade foi superior a 10%, 30,4% afirmaram que o percentual foi de 0% a 10% e apenas 8,7% deles responderam que o seu lucro foi 10% menor. O que, segundo Araújo, não significou aumento de demandas, mas sim de um processo inflacionário.

Cláudio Araújo, consultor empresarial

“Nesse item eu acrescentei duas lâminas que não fazem parte da pesquisa, mas compõem uma ferramenta que utilizo, chamada de “Os segredos das oficinas lucrativas”, a qual eu faço o monitoramento de vinte empresas locais. Desse total, o segmento de linha leve detectou uma queda de demanda neste ano de 20% e, na linha pesada, a retração foi de 8%. Apesar de a pesquisa mostrar que houve um grande faturamento em 2021, isso foi inflacionário, a demanda caiu, o que leva a ter mais cautela em 2022”, alerta.

Tempo dedicado a cada área da empresa – A maioria dos entrevistados, 32% do total, disse que a maior dedicação neste ano foi para a área de vendas, em 2020 esse percentual era de 34%. Em segundo lugar, com 26,03% das respostas, a dedicação foi para o marketing, ante 22,3% no ano passado. Na sequência, 24,7% focaram na área financeira, 24,6% na área de logística e 23,9% no RH, em 2020, 19,5%.

“O tempo dedicado começa a ter um pouco mais de equilíbrio nas cinco áreas mapeadas. Apesar da demanda ser maior para as áreas de vendas e financeiro, mais de 50% do tempo dos empresários, percebe-se que na área de RH, o empresário se sensibiliza com ações essenciais, como treinamentos e palestras, para mostrar a importância de ele ter um equilíbrio de atuação do seu tempo em todas as áreas, não somente nas operacionais”, comenta.

Ferramentas mais utilizadas

Presidente do SSA-Ce e Sincopeças Brasil, Ranieri Leitão, durante o SAUT 9

Entre as ferramentas mais utilizadas nas empresas, o destaque foi para a de fluxo de caixa, com 58,3% das respostas, seguida por gerenciamento de metas de vendas e DRE – Demonstração de Resultados do Exercício, ambas para 56,7% dos entrevistados. Curva ABC – produtos foi a mais utilizada para 46,7% do total, marketing digital para 43,3% dos respondentes e BG – Balanço Gerencial ficou com 40%.

Também entre as ferramentas, em menor proporção, 38,3% disseram utilizar a de curva ABC – clientes, 28,3% mencionaram as de análise de produtividade apenas 18,3% citaram a de análise de avaliação de desempenho -RH.

“Nesse ponto, eu coloco uma reflexão de preocupação, apesar da dificuldade de o empresário encontrar mão de obra, vemos que ele ainda se dedica muito pouco às ferramentas ligadas ao RH. Há uma dicotomia entre se dedicar e se preocupar. Somente 18% dos empresários apontaram que usaram a ferramenta de avaliação de RH”, pontua Araújo.

Clientes

Questionados sobre o fator principal que leva seus clientes a escolherem a sua empresa para consumirem, confiança foi a resposta de 82,6% deles, na pesquisa de 2018, esse percentual foi de 40,2%. Em segundo lugar, 73,9% dos respondentes destacaram o atendimento, resposta que foi dita por apenas 6,1% dos entrevistados em 2018.

Mão de obra qualificada foi citada por 52,2% deles, estoque diversificado, por 37%, preço por 32,6% e localização foi citada por 23,9%. Nesse quesito, o percentual é quase similar à pesquisa de 2018 (24,6%), já em relação a preço, também na pesquisa de 2018, apenas 16,8% citaram esse fator.

“Eu resgatei uma pesquisa de 2018 realizada pelo Sincopeças-CE com o público consumidor, a qual revelou que o principal fator para ele é a confiança. Já em relação ao preço, o empresário o vê como o quinto item que mais pesa e o consumidor, coloca-o como 4º. Eu digo muito que às vezes o empresário está preocupado em baixar preço, mas não é isso que o consumidor procura”.

Segundo ele, quando o consumidor vai para a manutenção, ele está buscando a confiança de um serviço de qualidade. “Se ele for dar uma nota para isso, ela seria muito baixa. Independentemente do preço, pois o consumidor da reparação automotiva nunca está satisfeito em gastar com manutenção e ele acha tudo caro”.

Pandemia

Cláudio Araújo, da Êxito Consultoria, durante o SAUT 9

A pesquisa também mostrou o que as empresas aprenderam e mudaram com a pandemia. 61% disseram que foi no processo de marketing, 55% no de vendas, 54% no processo de treinamento e qualificação, e 54% no de compras. Em 2020, esses percentuais foram, respectivamente, 65%, 55%, 50% e 43%.

“De um ano para o outro, nós vimos muitas alterações nos impactos da Covid-19. Mas ressalto o ganho que houve de potencialização da conectividade dentro do negócio, processos de marketing e vendas, explorando as questões da conectividade, processos de treinamentos e cursos online”.

Expectativas para 2022

Nesta edição, a pesquisa revelou que 56,5% dos empresários esperam pelo crescimento das vendas, em 2020, esse percentual era de 70% em relação a 2021. Também em 2020, 46,7% tinham a expectativa de estabilidade econômica, percentual que caiu para 43,5% entre os entrevistados. Evolução do mundo digital foi apontada por 37% deles, ante 41,7% na edição anterior. E 13% dos entrevistados acham que haverá queda de demanda no próximo ano, um percentual maior que no ano anterior (6,7%).

“Apesar de serem respostas bastante otimistas, nós já vemos uma tendência para a cautela. Neste ano, 56% dos empresários esperam pelo crescimento das vendas. Em 2020, eram 70%. Como positivo, 2022 é um ano muito estratégico, talvez será o ano da consolidação da gestão pós-pandemia, pois houve uma demanda reprimida que refletiu em 2020, um ganho de faturamento inflacionário neste ano e em 2022 virá a ressaca de tudo isso”.

Ele acrescenta que a queda que chega, em média, a 16% só na linha leve neste ano, refletirá na demanda em 2022. “Tanto que 13% apontaram que haverá queda em 2022, esse aumento em relação ao ano anterior (6,7%) mostra que os empresários estão mais conscientes de um ano que virá com um pouco mais de dificuldade”, conclui.

Amostra

Entre os 145 entrevistados, a maior participação foi de empresários de centros automotivos e oficinas, 34% do total, seguidos pelos de autopeças (16%), representantes comerciais (14,9%), distribuidores (8%), motopeças (6%), funilaria e pintura (5%), e igualmente com 4%, empresários que atuam com pneus e refrigeração.

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